Pular para o conteúdo principal

Mobilete - Quem lembra?

 
Os momentos de lazer de minha pré-adolescência e adolescência foram passados em grande parte no Peró. Bairro de Cabo Frio. Naquela época muito tranquilo e pouco povoado.
 
Havia um apartheid entre os jovens com e sem mobilete. E é lógico que eu e minha irmã queríamos fazer parte dos mobiletados. Por uma união entre falta de recursos e medo, meu pai nunca chegou a nos presentear com a magrela. Graças a esse episódio, costumo, hoje em dia, enxergar a falta de recurso como oportunidades.
Enquanto a playboyzadinha ficava tarde inteira e grande parte da noite queimando gasolina, restava a nós, sem mobilete, arrumar outras coisas a fazer.
 
Fiz muitos amigos. Nenhum tinha mobilete. Muitos deles mantenho amizade até hoje. Aprendi a pescar, surfar, mergulhar, saltar de penhascos, joguei bola, soltei pipa, participava de expedições às dunas, às pedras ou outras praias, sempre em longas caminhadas. E mobiletados... Só na mobilete.
Mas minha maior conquista, definitivamente foi o violão, que também iniciei no tempo da mobilete. Era meu trunfo... Com o tempo , o violão foi sobressaindo no interesse das menininhas... E passou a dar poeira nas mobiletes.
 
É por isso que quando um leio um texto de José Junior, do Afroreggae, entendo perfeitamente o que ele diz. Precisamos de muito mais do que objetos caros. Bacana é descolar atividades boas com os recursos que se tem. A disciplina é importante até para nossa diversão. Tá cheio de moleque jogando basquete muito bem, mas só no videogame. E quando tem que se dedicar a alguma atividade, não há paciência.
 
Mas o principal recado é: Não é porque tá todo mundo fazendo que eu tenho que fazer também. Mas se meu filho um dia me pedir uma mobilete, talvez eu até dê uma pra ele...
 
 
 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O fantástico mundo de Zezinho.

As coisas não estavam indo nada bem para Zezinho. Fez tudo errado no seu novo empreendimento. Perdeu o pouco que tinha e contraiu dívidas. Perdeu o gosto por esportes. O relacionamento afundou por intolerância das duas partes. Amigos cada vez mais minguados. Família então, nem pensar. Zezinho era o anti-social. Até que um dia Zezinho tomou uma decisão. Ele resolveu se mudar. Ele se mudou para a nova Passárgada . Ele se mudou para o fantástico mundo de Facebook. Agora Zezinho é bonito, rico e cheio de amigos. Ele não tocava nenhum instrumento. Mas no fantástico mundo de Facebook, sim, ele toca. Ele não viajava muito, mas agora ele viaja. Chove mulheres na sua horta. Todas elas lindas e com vidas muito interessantes, como a vida de Zezinho. Essa história que é uma mistura de Manuel Bandeira com matrix já está mais do que manjada. Só que ainda não sabemos o seu final. Meus fiéis 7 leitores, se é que ainda os tenho, poderão me ajudar. Dizem por aí que ninguém substitui quem morre. Mas sob

Joga futebol?

Fui criado em bairro. Bairro futebolístico. Onde se valorizava família, trabalho e futebol. Principalmente futebol. Meu pai era um bom boleiro. Principalmente quando eu estava vendo. Ele queria fazer bonito pro filhão. Zagueirão. Dava umas porradas lá de trás. Jogava bem. Domingo era futebol de manhã e depois cerveja. Para as crianças, salgados de boteco e refrigerantes. E escutar as conversas do pós-futebol. Era bom demais. Estar com o pai nessas horas é bom demais. Sempre que um amigo antigo de meu pai o encontrava a seqüência de perguntas era sempre a mesma: É seu filho? Sim... Joga futebol? É... É goleiro!(meio sem graça) Fui um bom goleiro. Até cansar. A minha relação com o futebol sempre foi de admiração e respeito. Muito longe da paixão. Bem diferente de meu pai. Um jogo de Brasil e Alemanha(feminino) me atrai bem mais do que um Vasco X Ipatinga. Meu sobrinho não leva jeito pro futebol. Ele gosta de dançar. Não vivemos na China, mas gostar de dançar break e imitar Michael Jackso

Vamos voar??

Nessa noite eu sonhei. Costumo sonhar. Adoro sonhar. Ainda mais quando é depois das  quatro da manhã. Pois o sonho se confunde com o sono leve e posso sonhar quase acordado. Nessa última noite fui contemplado por um desses sonhos. Sonhei que estava em uma linda montanha. Aqui no Brasil. Porém não sei onde. Mas era um lugar lindo de morrer(ou viver). Onde pilotos de Asa Delta faziam lindos vôos e provavelmente me levaram pra lá. Aliás, não sei como lá cheguei. O que mais me apaixonou no sonho foi o fato de alguém me dizer que eu deveria voar naquele dia, pois se eu era um piloto, eu saberia o que fazer. Fiquei empolgadíssimo com a ideia, pois o lugar era lindo. Uma pedra enorme à  minha esquerda com um corredor e precipício a direita. A decolagem teria que ser perfeita. Corridinha rápida e jogando pra baixo e pra direita pra cair colado no paredão. Tinha sol. Calor. Eu queria saber com qual asa iria voar. Alguém me disse que seria com a minha velha Air Bourne que estava gua